Em
meados de 2017 tive a oportunidade feliz de ser o primeiro pesquisador de Astrologia
a ver um livro de sua autoria, inteiramente favorável à Astrologia, publicado
por uma editora brasileira de origem religiosa e com autêntico perfil cristão.
Dito
assim pode parecer pouco, mas, em meu entender, é possível ter começado aí uma dinâmica
de aproximação mais amiga entre a Astrologia e fiéis religiosos mais rigorosos, não
apenas cristãos, mas também seguidores do Islamismo e do Judaísmo, religiões que igualmente
interditam a aproximação com a Astrologia.
Estabelecendo pontes de diálogo
Eu decidira
escrever aquele livro pensando nas dezenas de milhares de cristãos católicos ou
evangélicos ou anglicanos ou ortodoxos, ou devotos de outras religiões que não
a cristã (como islamitas e israelitas), que consultam astrólogos mesmo se sentindo
inseguros sobre se estarão cometendo algum tipo de erro contra a sua religião,
já que as principais Igrejas, e não apenas cristãs, se opõem à Astrologia há
muito tempo e o assunto é por costume abordado por padres ou pastores ou
rabinos ou imames como coisa do diabo ou crendice para os pobres de
fé.
Veja, por exemplo, como o Catecismo da Igreja
Católica se refere ao assunto: “Todas
as formas de adivinhação devem ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos
demônios, evocação dos mortos ou outras práticas supostamente ‘reveladoras’ do
futuro. A consulta dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação
de presságios e de sortes, os fenômenos de vidência, o recurso aos ‘médiuns’,
tudo isso encerra uma vontade de dominar o tempo, a história e, finalmente, os
homens, ao mesmo tempo que é um desejo de conluio com os poderes ocultos. Todas
essas práticas estão em contradição com a honra e o respeito, penetrados de
temor amoroso, que devemos a Deus e só a Ele”.
Então,
neste início do ano de 2018 terminei de escrever mais um livro, Astrologia para cristãos – e fiéis de
outras religiões, no qual analiso com maiores detalhes (e mais vagar) duas
diferentes vertentes de pensamento sobre o tema.
Estas
duas vertentes já estavam presentes no anterior, Astrologia e Cristianismo em diálogo, que foi lançado pela Editora Ideias & Letras, pertencente
à Congregação Redentorista, que no Brasil
administra a Basílica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, o maior templo
mundial dedicado a Maria, Mãe de Deus.
Agora, neste
novo trabalho eu as desenvolvo com mais pormenores, e agrego mais informação, já
que o anterior fora bastante condensado e poderia exigir de meu leitor mais
habitualidade em lidar com textos filosóficos e teológicos mais complexos e
densos.
Ciência e Ética: dois
pilares de um bom conhecimento
Por
um lado, integrando conhecimentos de ciências contemporâneas como Biologia
Evolutiva, Física Quântica, Neurociência, Psicologia junguiana e Semiologia,
apresento e justifico um modelo teórico que vim desenvolvendo nos últimos
tempos, que intitulei desde 2013 como “Astrologia Arquetípica” e com o qual
proponho o que pode ser o conjunto de causas naturais que dão efetividade à
Astrologia, fazendo com que ela de fato funcione e não seja somente crendice ou
superstição, e menos ainda decorra de uma suposta energia dos planetas, mas seja bom fruto de um dinamismo
aparentemente maravilhoso que só mais recentemente, na História da Humanidade e do saber
humano, estamos conseguindo compreender de forma mais bem explicável.
Por
outro lado, com base no pensamento teológico de S. Agostinho, S. Tomás de
Aquino e S. Alberto Magno, que estão entre os mais competentes pensadores
religiosos da Cristandade, mas cujos conceitos sobre o assunto se adequam a fiéis
de outras religiões, busco mostrar por que estudar ou praticar a Astrologia não
é desrespeito a nenhuma fé, nem abandono da esperança em Deus.
Bem
ao contrário, como ensinou S. Alberto Magno no século 12, “os sinais celestes
nada mais são senão a Divina Providência”.
Segundo
ele, estudar a “ciência do julgamento das estrelas”, que é como ele se referia à
Astrologia, era muito importante, pois ele estava convencido de que tudo que
fosse conforme à razão era obra de Deus, competindo ao cristão aprender a
diferenciar entre os bons e os maus preceitos no conjunto total de todos os
ensinamentos existentes.
E Astrologia é questão de razão e, não, de fé – caso contrário, não poderia ser ensinada.
E Astrologia é questão de razão e, não, de fé – caso contrário, não poderia ser ensinada.
O
que define se adotá-la é ou não é contrário a qualquer fé, é a intenção
presente em quem a estuda ou dela se serve, e o tipo de utilização que pretende
dar às informações que obtiver.
É
questão de foro íntimo e diz respeito a valores éticos e morais, já que há
aqueles que se inclinarão a tentar controlar o futuro, o que é impossível, ou
manipular pessoas, o que é imoral, e há aqueles que buscarão aproveitar o que
ela informa para enriquecer suas práticas de entendimento do mundo e de autoconhecimento, para reforma íntima.
Passo a passo, a elaboração
do conhecimento
Eu
levei um longo tempo para alcançar as conclusões a que venho chegando nos
últimos tempos e que exponho neste meu mais recente livro, tendo percorrido
diferentes e sucessivas alternativas de explicação teórica.
Então,
pareceu-me bom narrar e comentar este rico percurso, por avaliar que este relato
possa ser útil a alguns, em sua própria e pessoal construção de opinião e conhecimento.
Não
é um livro só para estudiosos e especialistas de Astrologia ou Psicologia,
embora possa oferecer bastante a quem já estuda estas áreas de conhecimento.
É,
acima de tudo, um relato sobre a elaboração do saber humano.
Este
é um meu convite: venha comigo, revisitar este percurso.