Em 1985/86, quando traduzi no Brasil o livro
de Martin Schulman, “Os Nodos Lunares – Astrologia cármica”, deparei com o seguinte
trecho: “aceita-se, geralmente, na comunidade astrológica atual, que os Nódulos
Lunares representam as principais chaves para o entendimento de cada vida como
parte de um tecido contínuo. Muitos astrólogos acreditam que os Nódulos Lunares
têm até mais importância do que o resto da carta natal. Para um conhecedor experimentado,
a interpretação do Sol, da Lua e das posições dos Nódulos Lunares podem revelar
toda a vida da pessoa. De um lado, esses Nódulos Lunares revelam a trilha de desenvolvimento
da alma na vida atual, enquanto o resto da carta natal adiciona informações
sobre como você está percorrendo esta jornada. É através dos Nódulos Lunares
que a astrologia ocidental se capacita a relacionar esta ciência divina com o
conceito hindu de reencarnação”.
O conceito causou-me grande impacto.
Menos pelo aspecto relacionado à
possibilidade de reencarnação, já que isto depende da crença de cada um e aquilo que
é indicado na vida da pessoa pode somente decorrer de herança genética ou de
pressões do inconsciente familiar, ao invés de derivar de “vidas passadas”.
O que me impactou foi a enorme importância
dada aos Nodos Lunares.
Porque os Nodos Lunares não são alguma coisa
que tenha realidade material, por serem, de fato, decorrentes da relação matemática
que indica o ponto no Zodíaco em que se cruzam, em certo instante, a órbita da
Terra em torno do Sol e a órbita da Lua em torno da Terra.
Como tudo na mecânica celeste é passível de mensuração
e cálculo, isto também é, seja referindo-se ao momento de nascimento de alguém,
seja aludindo à posição dos Nodos Lunares no Zodíaco no decorrer do tempo, já
que sua posição calculável leva de 18 a 19 anos para deslocar-se pelos doze
Signos e voltar ao ponto em que estavam na data de nascimento da pessoa.
Naquele tempo eu estava me despregando da
noção geral de que os corpos siderais têm uma “energia específica”, cada qual
emanando a “sua própria” e, desta forma, “influindo” sobre os acontecimentos de
modo peculiar, e a afirmação de Martin Schulman só fez se aprofundar o que eu
já pensava.
Todos estamos ainda muito presos a conceitos
mecanicistas, mesmo os que se definem como esotéricos, donde decorrer a
facilidade com que aceitamos a noção genérica de que os Planetas "emitem um tipo
especial de energia” que causa as ocorrências que a Astrologia indica, quer as
havidas que influíram na vida da pessoa, quer as que ocorrerão e terão
influência.
Registra-se que Louis Pasteur teria dito: “um
pouco de Ciência afasta de Deus; muita Ciência, aproxima”. Penso assim, também,
em relação à Astrologia: “um pouco de estudo mantém noções insustentáveis, como
a de haver energética planetária causando fenômenos na vida das pessoas; um
estudo aprofundado permite superar este tipo de noção mecanicista e ir adiante”.
Ir adiante em qual rumo?
Na direção de um modelo de entendimento que
permita o entendimento dos símbolos astrológicos como indicadores arquetípicos da
Teia do Mundo, razão pela qual toda forma de Astrologia (Ocidental, Árabe, Chinesa,
Hindu Jyotisha, etc) e qualquer modalidade astrológica (clínica psicológica ou
médica, mundial, empresarial, horária, sinástrica, etc) é eficaz, se lidar bem e a
seu próprio modo com o conjunto de símbolos disponíveis para ela.
Isto requer um olhar do alto, que reconheça
as diferenças, e por isto as respeite todas, mas consiga ver o elemento comum a
todas elas: são símbolos de uma ordem implícita, que é codeterminante, sinalizando
como a ordem explícita das coisas, que é codeterminada, ocorreu, ocorre ou ocorrerá.
Como muito bem Martin Schulman define em seu
texto, são “as principais chaves para o entendimento de cada vida como parte de
um tecido contínuo”, estejam as chaves nos símbolos de corpos siderais, como os
Planetas, ou em produtos culturais, meramente imaginários, como o Zodíaco, os Signos e os Nodos
Lunares.
Para quem quiser se enriquecer com estes
conceitos e avançar na possibilidade de boa compreensão, indico o livro “Por uma filosofia da Astrologia” e o curso “Astrologia e comportamento”.