Um dos métodos mais interessantes de interpretação
astrológica é a técnica das “Casas derivadas”, que vem desde os tempos da
Astrologia Medieval, mas é bem pouco comentado hoje em dia.
É outro evidente indicativo dos aspectos eminentemente
simbólicos da Astrologia, nada tendo a ver com “energias planetárias” ou algo
assim.
A Carta natal astrológica sempre tem doze Casas, as quais
são associáveis a áreas específicas de experiência da vida, como se sabe.
Assim, entre muitos outros significados e de modo
bastante resumido aqui, a Casa I indica os traços básicos da personalidade
manifesta, a Casa II sugere os valores que embasam a segurança da pessoa, a
Casa III aponta o padrão geral de interação e comunicação, a Casa IV assinala o
padrão inconsciente fundamental de “lar”, e assim por diante.
As Casas astrológicas são calculadas na Carta natal
conforme o local e o horário do nascimento da pessoa, levando-se em
consideração a latitude e a longitude do local em que ela nasceu e a eventual
vigência de horário de verão na data.
Já as Casas derivadas são as Casas calculadas a partir de
uma Casa específica da Carta natal; por isso, “derivadas”, e costumam aludir
aos padrões de ocorrência relativos a pessoas que compõem o principal leque de
relacionamentos da pessoa portadora da Carta natal astrológica interpretada.
Assim, apenas para dar dois exemplos bem fáceis de compreender,
se a Casa V de uma Carta natal astrológica indica as principais dinâmicas de
vida relativas ao tema “filhos” que a pessoa viverá, a arquitetura simbólica da
quinta Casa a contar da Casa V da Carta natal da pessoa, isto é, de sua Casa
IX, costuma indicar as mais significativas dinâmicas de vida que serão vividas
relativamente aos filhos dos filhos da pessoa, isto é, aos seus netos.
Assim também, se a Casa VII de uma Carta natal
astrológica tende a assinalar as características gerais que o esposo/esposa/sócio/sócia
da pessoa terá, o conjunto simbólico da Casa II a contar desta, ou sua Casa
VIII, indicará o padrão de valores de segurança adotado pelo
esposo/esposa/sócio/sócia.
Não é magnífico?
É uma sofisticada teia de significantes e significados,
que requer extrema leveza e habilidade associativa para ser corretamente
interpretada.
E que, especulando em termos filosóficos mais amplos,
parece informar que, de uma forma ainda mal compreendida, os principais eventos
de nossa vida e das pessoas que compõem nosso mais importante círculo de
relacionamentos, no decorrer da vida, estão de certo modo determinados, como
uma teia de fatos, ocorrências e escolhas, pessoa a pessoa.
Como se fosse uma tapeçaria, da qual só conseguimos ver o
verso: aqueles que conseguem enxergar o reverso, percebem a relação de todos os
pontos entre si.
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