Em março de 2015 ocorrerá em Portugal o 1º Simpósio Luso-brasileiro de
Astrologia, a cargo da Aspas – Associação Portuguesa de Astrologia.
Para conhecer esta entidade, antecipar algo do evento e conversar sobre
Astrologia, de um ponto de vista europeu e português, Astrologia Arquetípica
entrevistou Isabel Guimarães, astróloga fundadora e Presidente da Aspas.
AA: Pode nos
contar um pouco de como foi a implantação da Aspas, do ponto de vista da participação engajada e ativa de
astrólogos portugueses?
Isabel Guimarães: A criação de uma
associação de Astrologia era uma ideia minha desde os tempos de estudante. A essa
altura havia poucas escolas de Astrologia em Portugal e os astrólogos atuavam
de forma muito mais isolada, sem os atuais intercâmbios de conhecimento. Não
havia oportunidades de partilharmos saberes por meio de uma organização que
funcionasse como ponto de convergência e encontro. Quando a poucos anos estive
no Brasil, conheci a forma como as organizações relacionadas com a Astrologia
se tinham estruturado em seu país e isso fez-me ainda mais desejar criar esta
associação em Portugal. Os estudantes precisam de mais apoio em sua formação e
há necessidade de clarificar e divulgar a Astrologia junto ao público, a
Astrologia de qualidade que se pratica em Portugal. Assim, com o apoio
inestimável de vários astrólogos e entidades, fundamos a 22 de dezembro de 2012,
e inauguramos em 24 de março de 2013, a Aspas
– Associação Portuguesa de Astrologia,
uma associação com sede em Vila Nova de Gaia e sem fins lucrativos. Todos os
que aqui trabalham fazem-no por uma causa que consideram valer a pena: “juntos,
fazemos a diferença”.
AA: Qual é o principal
propósito da Aspas? Que grau de
abrangência (geográfica e quanto a especialidades astrológicas) ela pretende ter?
Isabel Guimarães: O grande objetivo é
credibilizar a atividade astrológica no nosso país. Com esse objetivo,
disponibilizamo-nos para dizer o que realmente é a Astrologia e como se faz, e para
dignificá-la, desmistificando velhas concepções e “limpando” sua imagem, para
que o público a compreenda e perceba que ela é um estudo profundo. Para que
esta realidade aconteça, procuramos incentivar a relação de proximidade entre
astrólogos, estudantes de astrologia e o público geral, para que consigamos
oferecer um serviço público de qualidade. Queremos também unificar saberes e partilhá-los.
Nisto, é importante referir que somos uma associação de Astrologia e, não, desta
ou daquela específica especialidade astrológica; assim, procuramos reunir todos
os saberes, pois todos os ramos da Astrologia são válidos, isto é, todos os que
colocam como central o ser humano e se dedicam à compreensão do lugar do ser humano
no mundo em que vive. É claro que estão presentes os dois principais tipos de
Astrologia, que são a Tradicional e a Contemporânea, porém é minha opinião que
devemos respeitar a tradição, resgatar as origens e verificar a validade do que
temos para oferecer e adaptar ao mundo em que vivemos. Nós aceitamos todo tipo
de Astrologia que respeite as suas origens e esteja de acordo com o nosso Código
de Ética e Deontologia profissional. Geograficamente, procuramos ter a maior
abrangência possível, já que nossa Missão é a divulgação. O isolamento não é
bom para a evolução do conhecimento, que precisa reconciliar diferenças. Esta aproximação
de nacionalidades e tipos de Astrologia deve ser encarada como um processo
natural e saudável, para uma melhor e mais atualizada Astrologia em língua
portuguesa.
AA: Como a Aspas pretende cumprir sua Missão, de
modo a bem atender a seu Propósito?
Isabel Guimarães: O nosso Código de Ética apresenta
as diretrizes segundo as quais entendemos o que deve ser a boa prática
astrológica. Quem se inscreve na Aspas
deve concordar com estas diretrizes, pois elas servem como um conjunto de
regras que alicerce nossa atividade e lhe atribua o máximo de profissionalismo,
ajudando também o público a perceber aquilo que realmente fazemos, contribuindo,
assim, para dar crédito à Astrologia. Muito desse esclarecimento do que é a
Astrologia passa pelo próprio astrólogo e sua postura no decurso de uma
consulta. Depois, quem se inscreve pode ser Membro Efetivo, que são aqueles que
exercem a atividade, e Membro Estudante, que são os que ainda estão a estudar e
não exercem profissionalmente a Astrologia. Aqui também se incluem os autodidatas,
de acordo com a bibliografia selecionada. Daqui se percebe haver uma avaliação
de cada inscrição. Também procuramos oferecer ao público, sob recomendação, os
astrólogos dos quais reconhecemos a qualidade do seu profissionalismo, de modo
a que o público opte com consciência e boa informação sobre a quem recorrer
para uma determinada consulta ou um curso de formação em Astrologia, por
exemplo. Para conhecer nossos Valores, Princípios
e Missão, bem como o Código de Ética e Deontologia profissional, sugiro
consultar www.associacaoportuguesadeastrologia.com.
AA: Quais
recursos de informação, formação e integração, a Aspas pretende pôr à disposição de seus associados?
Isabel Guimarães: Nós damos muito valor aos
nossos membros. Acreditamos que uma associação não se faz sem a participação ativa
deles, porque esta é a missão de todos e, por isso, procuramos também
dignificá-los. Não podia deixar de referir igualmente que quem se inscreve na Aspas está de fato a fazer um
investimento com toda a sua consciência. O que estamos a realizar, enquanto Associação,
é a construção de um futuro em que a Astrologia poderá desempenhar um papel
mais relevante na sociedade ao se adaptar, ela própria, às necessidades dos
momentos atuais coletivos. Assim, a Aspas,
em seus canais de comunicação – site, página de Facebook, blog, canal no YouTube,
newsletter e mídia, como a Televisão Porto Canal e a Radio Telefonia, do
Alentejo –, divulga o trabalho realizado por astrólogos profissionais, bem como
artigos, consultas ou formações, que se tornam, assim, disponíveis ao
conhecimento de um público mais vasto. Todos os nossos membros, incluindo os Membros
Estudantes (os quais chamamos a participar deste projeto, pois eles serão o
futuro da Astrologia), também podem enviar seus artigos para o nosso jornal
astrológico “4 Estações”, a cargo da diretora editorial, Luíza Azancot. Sob avaliação,
esses artigos são aprovados ou não, já que existem critérios de qualidade, bem
como de atualidade de assuntos, que os tornam, num dado momento, mais
pertinentes que outros. Nosso jornal é gratuito e todas as suas edições se encontram
disponíveis em nosso site, contando com milhares de visualizações. Noutro
âmbito, participamos de um programa de TV do Porto Canal, “Grandes Manhãs”, no
qual temos a oportunidade de levar ao grande público a Missão da Aspas. Também organizamos diferentes
“Encontros com Astrologia”, nome que damos a palestras realizadas por membros
nas nossas instalações, ou eventos criados pelos membros noutros locais e apoiados
pela Aspas. Cabe também mencionar a
realização do 1º Simpósio Luso-Brasileiro de Astrologia, que será realizado em
março de 2015, em que os nossos Membros Efetivos terão a oportunidade de
divulgar o seu trabalho no contexto de um grande evento e conhecer astrólogos
convidados.
AA: Em seu
entender, de que imagem a Astrologia, como campo de conhecimento e como
prática, desfruta nas sociedades europeias? E, mais particularmente, em Portugal?
E em outros países da CPLP – Comunidade de Países de Língua Portuguesa?
Isabel Guimarães: Nas sociedades europeias há
um certo ceticismo em relação à Astrologia, um ceticismo infundado que, apesar
de se querer mostrar intelectualizado, de fato acaba por revelar as
supersticiosas crenças que ainda alimentam, de geração em geração, a imagem do
astrólogo como adivinho ou guru. No entanto, se tempos atrás a visão coletiva
era marcadamente cética, cada vez mais nota-se que estamos a caminhar em direção
a outra forma de estarmos no mundo, no qual, acredito, a Astrologia terá papel
importante como ferramenta de orientação e aconselhamento ao desenvolvimento
humano. É notório que noutros países europeus já se vê a Astrologia com uma
dinâmica muito ativa na sociedade. No caso da Aspas e de Portugal, sentimos que, fruto dos esforços feitos desde
a criação da Associação, vamos evoluindo para uma nova etapa. Este “bebê”, que
já deixou de o ser, porque agora já fala e caminha num jeito muito “geminiano”,
tem procurado desabrochar e interagir com o mundo que o rodeia, estabelecendo a
oportunidade de se criarem pontes, nomeadamente e em particular com o Brasil,
país onde reconhecemos que as entidades do meio astrológico têm uma posição
consolidada, fruto de anos de experiência, com profissionais qualificados e
publicações astrológicas regulares, como a CNA, o Sinarj, etc, primando pelas
parcerias de apoio profissional.
AA: Qual é a
importância de haver astrólogos das diversas nacionalidades da CPLP, na Aspas?
Isabel Guimarães: A Aspas é uma associação de Portugal, mas também, e acima de tudo,
uma associação de língua portuguesa. Desde o inicio estabelecemos como nossa Missão
criar ligações que nos permitissem a nós, enquanto astrólogos portugueses,
aproximarmo-nos de todos aqueles com quem partilhamos a mesma língua, para
intensificar o desenvolvimento da Astrologia. Neste contexto, reconhecemos o
forte papel do Brasil, devido à forma como aí se conduziu o crescimento da
Astrologia. Em Portugal, por nossa vez, temos uma realidade diferente; então,
parece de todo importante e também estimulante incentivar essas partilhas, esse
conhecimento produzido em conjunto, com aceitação das diferenças, pois só
aprendemos ou inovamos com quem pense ou atue de forma diferente da nossa.
Aceitamos criar estas pontes com várias nacionalidades em prol do conhecimento
astrológico, para que este não seja exclusivista, mas, sim, esteja disponível a
quem queira apropriar-se dele para uso correto.

O 1º Simpósio Luso-Brasileiro de Astrologia será realizado de 20 a 22 de março de 2015 em Lisboa, na FIL – Feira Internacional de Lisboa, espaço de algumas das maiores feiras temáticas em Portugal, e também na Sociedade de Geografia, para a abertura solene, com 43 congressistas responsáveis por palestras sobre Astrologia Transpessoal e Humanista, mais diretamente associadas ao autodesenvolvimento, assim como temas que relacionam a Astrologia a outras ciências e são, portanto, os reflexos do progresso registrado na área.
AA: Neste amplo
cenário, que papel poderá ter o 1º Simpósio Luso-brasileiro de Astrologia?
Isabel Guimarães: Sabemos da importância
deste tipo de evento como um centro multiplicador de conhecimento. É verdade
que as evoluções tecnológicas nos incentivam a nos manter em contato uns com os
outros, apesar das distâncias, o que é particularmente evidente pelos
congressos online de Astrologia, aspectos que a Aspas também tenta explorar ao máximo, tendo iniciado webinários em
2013. Mas é indispensável haver eventos presenciais, já que a relação entre Astrologia
e o público pode ser muito mais frutífera neste caso, por todo um tipo de
comunicação que não é verbal e, sim, emocional-afetivo, o que torna estes
eventos particularmente recompensadores para quem assiste. Depois, trata-se de
ter num único local, Lisboa, vários dos mais notáveis astrólogos dos dois
países, e trata-se igualmente de uma excelente oportunidade de prestar um
serviço de esclarecimento público do que é a Astrologia e sua diversidade. Se as
relações entre Portugal e o Brasil sempre foram privilegiadas no plano histórico,
político e econômico, por que não fazê-la assim no mundo da Astrologia? A
Astrologia já estava presente na altura dos Descobrimentos e este Simpósio surge
no sentido de fazermos essa viagem de volta às raízes, de buscar as origens e
criar pontes, estabelecer ligações, para que também no domínio da Astrologia as
relações Portugal e Brasil possam proliferar, num período em que já não
precisamos das caravelas para criar essas ligações, pois basta, agora, um
simples clique, para estarmos todos sincronizados à distância. Portanto,
gostaríamos que este Simpósio criasse um contexto favorável à partilha e ao
aprendizado e que incentivasse, futuramente, maior cooperação dos dois lados,
para benefício da Astrologia.
AA: Como a
Astrologia feita por brasileiros é vista em Portugal?
Isabel Guimarães: De forma muito positiva e
cada vez melhor, porque se estão a reforçar estas ligações entre os dois lados,
quer pela Internet, quer presencialmente, particularmente agora com o Simpósio
e, por isso, o trabalho de vários astrólogos brasileiros tem sido muito mais
reconhecido e valorizado. Para além do mais, com esta parceria Portugal/Brasil,
muitos astrólogos brasileiros foram e continuam a ser convidados pela Aspas para divulgarem o seu trabalho em
nosso país por meio de cursos e workshops temáticos, os quais têm tido grande
receptividade, a despeito das dificuldades financeiras gerais.
AA: Em
princípio, como será a dinâmica de realização do 1º Simpósio Luso-brasileiro de
Astrologia?
Isabel Guimarães: O 1º Simpósio
Luso-Brasileiro de Astrologia vai ser realizado nos dias 20, 21 e 22 de março
em Lisboa, na FIL – Feira Internacional de Lisboa, espaço de algumas das
maiores feiras temáticas em Portugal, e também na Sociedade de Geografia, para
a abertura solene, onde serão homenageados alguns astrólogos. Serão 43
congressistas responsáveis por palestras divididas por temas, demonstrando a
diversidade existente na Astrologia. Assim, teremos temas que vão desde o
período Clássico, renascentista, aos temas mais voltados para a atualidade,
como a Astrologia Transpessoal e Humanista, associadas ao autodesenvolvimento, assim
como temas que relacionam a Astrologia a outras ciências e são, portanto,
reflexos do progresso registrado na área. É claro que, nisto, privilegiamos o
público menos conhecedor e, por isso, os temas não versam somente sobre
técnica, mas, antes, servem à Missão de divulgação da Astrologia, a que sempre
nos propusemos. No encerramento, teremos um espetáculo com a “Astrologia
Vivencial”, de Michelle Daya, também transmitido para o Brasil pela Internet.
AA: O que é
necessário, e a partir de quando, para participar dele? O que ele deverá
oferecer de benefícios?
Isabel Guimarães: Os brasileiros que não
puderem estar presentes poderão assistir ao Simpósio pela Internet, com
transmissão real time a cargo da Click3Tv, podendo acompanhar o que ocorrerá
nas diversas salas, bem como as entrevistas dos congressistas. Assim, mais uma
vez a distância física não representará um problema. No entanto, para os que
queiram estar em Lisboa no Simpósio, só é necessário efetuar a inscrição até
dia 12 de março de 2015 no site http://simposioaspas2015.wix.com/aspas. O valor do ingresso é variado, conforme o número de dias que se
pretenda assistir, e também é diferente consoante for ou não membro da Aspas. Portanto, deixamos o convite a
todos os interessados na Astrologia, para que venham navegar em solo conosco as
estrelas, segundo o nome que demos ao Simpósio: “Navegar as estrelas”. A
programação do Simpósio foi desenvolvida de modo a levar em consideração todo tipo
de público interessado, agregando valor a uma variedade de temáticas e
permitindo que novos conhecimentos possam ser discutidos junto com vários dos
mais conceituados astrólogos dos dois países e, por isso, esta é certamente uma
oportunidade a não perder.
AA: Como o
trabalho conjunto de astrólogos de várias nacionalidades pode ser benéfico à
imagem pública da Astrologia, nesta época tão marcada por alterações de
paradigmas?
Isabel Guimarães: Esse trabalho conjunto
contribui essencialmente para que haja maior coesão na prática do conhecimento
astrológico e na existência de maior unificação, de maior acerto e de visões
mais centradas, porque aquilo que muitas vezes gera mais confusão no público é
precisamente a grande variabilidade na forma como a Astrologia lhe é apresentada.
A convergência de interesses, no nível das diferentes nacionalidades, permite
que a Astrologia possa falar a uma só voz, revelando coerência e homogeneidade
naqueles que devem ser os pressupostos básicos ligados a sua prática. Com a
abertura da sociedade a estas áreas, face precisamente a essas alterações de
paradigmas, percebemos que muitas pessoas vindas das mais diversas áreas têm
revelado interesse crescente por aquilo que fazemos. Ou seja, há interesse do
público em querer saber mais e, repare-se, isso é também visível entre nós,
astrólogos, que viemos das mais diferentes áreas do conhecimento e que, de uma
maneira ou doutra, buscamos com o nosso conhecimento contribuir para o próprio
desenvolvimento da Astrologia. O que precisamos, contudo, é unir saberes e
valorizar as diferenças num contexto de integração. E é com o colorido das
diferentes visões, de país para país, que podemos encarar o futuro da
Astrologia como cheio de potencialidades. Agora, essas potencialidades precisam
ser trabalhadas, donde a necessidade de esforços conjuntos que se traduzirão
numa melhor imagem pública da Astrologia, o que já temos verificado, embora
gradualmente.
AA: A despeito
da distância oceânica entre Portugal, Brasil e países da CPLP, como e em que
sentido as atividades de geração e disseminação de conhecimento astrológico
podem ser enriquecidas e fortalecidas entre nós todos?
Isabel Guimarães: Os congressos e simpósios são
importantes nesse sentido, daí que pontualmente eles devam ser realizados. Como
exemplo, o 7º Simpósio Internacional de Astrologia, no Rio de Janeiro, do qual,
pela segunda vez, terei o privilégio de participar em novembro de 2014. Depois, é mais que evidente que as novas
ferramentas da comunicação fazem esbater distâncias em apenas um clique, e não
é por acaso que grande parte dos astrólogos a elas recorram de modo intensivo
para divulgarem seus trabalhos sob a forma de palestras, web conferences e,
mais recentemente, os congressos online de Astrologia. São ferramentas que nos
permitem intensificar a nossa missão. Elas criam vias de contato cheias de
potencial que, anos atrás, eram impensáveis, permitindo-nos estar abertos e
receptivos a qualquer público que tenha um mínimo interesse na Astrologia.
Nisto, criou-se uma abundância de informação, pois tudo está acessível a qualquer
pessoa. Todavia, informação não representa necessariamente conhecimento; assim,
a próxima etapa a explorar nessas atividades de disseminação do conhecimento
astrológico poderá ser a aposta na qualidade do próprio conhecimento e em sua
respectiva estrutura.

Isabel Guimarães: As pessoas querem superar o sentimento alienante e sem sentido em que se encontram suas vidas. É por isso que a Astrologia é tão importante, pois ela devolve esse sentido às pessoas, o que no fundo é o seu objetivo mais primordial.
AA: A seu ver,
o que falta à Astrologia para ter reconhecimento público mais amplo e
sustentado como campo gerador de conhecimento humano efetivo e de qualidade?
Isabel Guimarães: Na minha opinião, passa
essencialmente por uma melhoria da qualidade da formação e pela ampliação da
qualidade de como expomos nossas investigações ou pesquisas e produzimos nosso
conhecimento. Ou seja, é preciso que existam determinados parâmetros para fundamentar
o que afirmamos, e mostrar ao público esse fundamento. Desse modo, determinados
preconceitos, como aliar o conhecimento astrológico à dinâmica de intuição ou
fé, própria de cada pessoa, são, por fim, desfeitos. Essas convicções equivocadas
só podem ser desfeitas por um bom trabalho de divulgação, começando, desde
logo, por esclarecer o que é e o que não é a Astrologia. É preciso igualmente
reformular o papel do astrólogo, para que ele possa corresponder às
expectativas que a Astrologia acarreta e que envolvem, em torno de si, um
sentido de responsabilidade social. O público, as pessoas, precisam “sentir” as
respostas. Elas já não se satisfazem com uma abordagem pré-programada. Elas
necessitam sentir realmente, de um jeito que as faça se despregarem do
sentimento alienante e sem sentido em que se encontram suas vidas. É por isso
que a Astrologia é tão importante, pois ela devolve esse sentido às pessoas, o
que no fundo é seu objetivo mais primordial. É importante informar as pessoas
que a Astrologia existe por si só, com um corpo de conhecimentos consolidado e,
como tal, não deve ser confundida com outras práticas, como runas ou tarô, que
nada têm a ver com Astrologia. É tarefa do próprio astrólogo fazer essa distinção
e definir claramente ao público o tipo de serviço que presta, pois isso
contribuirá muito para um melhor esclarecimento da prática astrológica. Nisto,
cabe aqui reforçar o papel do Código de Ética e Deontologia profissional, que é
fundamental.