Quase todas as práticas de
desenvolvimento espiritual e religioso têm exercícios de meditação centrada no
próprio interior, seja em silêncio ou emitindo sons, seja com ou sem orações.
Com eles, busca-se propiciar a emersão,
para a luz da consciência, do que dentro de si exista em conflitos e
potenciais, para ampliar a compreensão de si mesmo e daquilo que em si próprio
seja preciso elaborar melhor.
Este tipo de atividade, porém, requer a
habilidade de manter prolongadamente o foco de atenção em um tema específico,
durante as meditações, ou, ao contrário (segundo o método), de não focar em
nada especial, tentando gerar um “vazio em si” no qual o conhecimento possa se
explicitar sem maiores contaminações.
Ambos os objetivos requerem o tipo de
capacidade humana que a Astrologia Arquetípica simboliza em Mercúrio, o aspecto
mais dinâmico do Pensamento.
Sabe-se que interações entre Mercúrio e
Urano, na Carta natal astrológica, são quase sempre indícios de superdotação
intelectual (não me refiro a cultura formal ou grau de escolaridade e, sim,
competência de raciocínio), com a mente mais usual (Mercúrio) sendo aqui ou acolá invadida por
insights intuitivos (Urano) que obrigam o pensamento a saltar para acima de si mesmo,
de um modo não possível pelos procedimentos usuais de dedução, indução e ou
associação.
Todavia, Aspectos mais tensos entre
estes mesmos dois Planetas (principalmente quadratura e oposição) indicam uma
acentuadíssima dificuldade de manter o foco da consciência, que fica saltitando
de modo alucinado entre infindáveis assuntos e imagens, com o que a condição de
superintelectualidade potencial pode resultar em muito pouco de objetivo, bem
como períodos de meditação resultarem em fracasso e perda de tempo.
Concentração é a chave: imagine-se
ateando fogo em uma folha de papel, ao concentrar a luz do Sol por meio de uma
lente de aumento, algo que inumeráveis crianças já fizeram: basta mover um
pouco a mão e sair do foco exato, e a luz do Sol não incendiará nada!
Não havendo foco, foco, foco!, a mente
se entrega a conversações sem fim em geral improdutivas, mera tagarelice, já que quantidade ou
variedade não é, necessariamente, qualidade.
Casos assim exigem uma disciplina
pessoal acima da média, pois enquanto não for obtido um grau mais acentuado de
possibilidade de manutenção do foco mental, e há procedimentos para facilitar
este aprendizado, a pessoa costuma continuar duvidando da própria competência
intelectual, tão caótico parece para si mesma o seu próprio raciocínio.
Ela até pode impactar os outros,
admirados do brilhantismo que intuem ali se manifestar, mas quase nada colhe em
autoimagem tranquilizadora neste aspecto da vida.
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