Passado
o período eleitoral, mais tenso, ouso escrever sobre Astrologia Mundial, pois
já não pareceria campanha a favor de, ou contra, este ou outro candidato. Digo: ouso,
por não ser versado nesta modalidade astrológica (que descreve e analisa eventos em nível coletivo, seja em país, seja no mundo) e apenas querer partilhar um pouco
do muito que vim aprendendo com astrólogos experientes nesta especialidade,
como Robson Papaleo e Rui Sá Silva Barros, embora aplicado a uma visão de mundo e a uma compreensão política que me são peculiares.

Em
alguns de meus escritos venho utilizando a expressão “teia do mundo”, por meu entendimento
de que uma ordem implícita codetermina os eventos na ordem explícita que vivenciamos
e percebemos, utilizando aqui conceitos e expressões do físico David Bohm, no
âmbito da mecânica quântica.
Ordem
implícita que, por sua vez, a nós se revela, mesmo antes de se explicitar, na
medida em que consigamos identificar e interpretar arquétipos associáveis a
cada momentum desta teia, o que é a base operativa da compreensão
astrológica do mundo e de seus fenômenos inanimados ou animados, objetivos ou
subjetivos, individuais, grupais ou coletivos.
Como
sabem os que acompanham Astrologia Mundial, em nível planetário e desde 2010 a
alma coletiva vinha se caracterizando por tensos momentos de desafio às ordens
estabelecidas, com eventos prenunciadores do que, mais à frente, poderia resultar
em novas dinâmicas estruturais.
A T-Quadrada
e a posterior Grande Cruz Cósmica (tensas e simultâneas Quadraturas e Oposições
entre Júpiter, Saturno, Urano e Plutão, todos sendo símbolos da esfera do grupo
ou dos coletivos) indicavam que, por um longo período (2010-2017), a
humanidade, em cada local com cores e dores específicas, viria a atravessar
fases de acentuada disrupção, sob o tipo de dinâmica própria de uma crise evolutiva:
de modo dialético, há que se negar a ordem vigente em prol de outra, quase seja
esta qual for, para depois, negando a negação, retomar a anterior em outro
nível de ordenamento.
Tal
qual se conhece, Aspectos tensos Saturno-Urano simbolicamente se associam a dinamismos
de destruição criativa enquanto o aspecto estiver vigente, com desestruturação
(Urano) para reestruturação (Saturno), dando-se o mesmo, embora de outro jeito,
com aspectos Urano-Júpiter, e sendo exponenciado ao máximo possível durante
aspectos Saturno-Plutão, aí, sim, em regeneração de fato.
Não à
toa, nesta etapa o Norte da África foi tomado pelas “Primaveras árabes”, os
Estados Unidos foram impactados por “Occupy Wall Street”, a Espanha conheceu “Los
Indignados”, a Inglaterra se incendiou sob as manifestações de Tottenham e, entre
demais lugares, no Brasil milhões foram às ruas em junho de 2013, por vezes até
sem saber bem por que. O
espírito do tempo, ou zeitgeist, era esse: confrontar para mudar.
Por
natureza, provocando e sofrendo excessos de fundo emocional-afetivo (aqui, também
no coletivo), pois se o pensamento muda com fácil agilidade, a base estruturante
de sentimentos e hábitos existenciais (e isto vale para todos) só se altera “no
tranco”. Como
não há ruptura sem intensidade de oposição ao que exista, o traço marcial da
agressividade (e plutônico, se em nível coletivo) esteve sempre presente, aqui com
menor destruição, ali mais ameaçador, sob o risco de se jogar o bebê fora com a
água do banho, ao invés de apenas esvaziar a bacia para água nova.
Soberanas
no significado exposto, eram indicadas alterações de natureza essencial (Plutão)
em estruturas (Capricórnio) como tom e teor do vastíssimo período todo: Plutão
só entra em Aquário em finais de 2024. Se a realidade
parece se organizar e ser cocausada por campos dentro de campos, como a
Hipótese dos Campos Mórficos, entre outras, tenta explicar, o que ocorria no
Brasil tinha dinâmica própria, dentro do dinamismo mais amplo da alma coletiva planetária.
Aqui, nos
finais de 2011 Saturno entrava em Escorpião, Signo que recebe o Meio do Céu do
Brasil, ponto que representa a estrutura central de governo. Eu não conseguia
esquecer que, na Carta natal do Brasil, Marte está no início do Signo de
Escorpião, em oposição a Saturno natal em III, simbolizando quanta agressividade
contida (Saturno Oposto a Marte) e ressentida (Marte em Escorpião) reside latente
no inconsciente do povo.
O País enfrentaria,
assim, do início de 2012 até novembro de 2014, com ligeira “recaída” a ocorrer entre
junho e agosto de 2015, a emersão da surda violência potencial que vigora na
mente profunda brasileira, durante o tempo em que Saturno estivesse em
Escorpião (com um apogeu na virada de 2012 para 2013, quando Saturno ativasse
em cheio o eixo Saturno-Marte).
Tanto,
que as manifestações populares de junho de 2013 tiveram o seu acentuado sentido
reivindicatório quase comprometido por agressividade impositiva (Black blocs e
vândalos de ocasião), repelindo parte da opinião pública e desaproveitando o
que poderia ter sido só pressão legítima por modificações profundas na estrutura
de poder central, isto é, no Governo.
Quando
tudo parecia querer ir à deriva entre nós, um benfazejo trígono Júpiter-Netuno-Saturno,
em Câncer-Peixes-Escorpião, mostrou que a alma brasileira se apaziguava um
pouco e vimos ocorrer, entre nós, a 28ª Jornada Mundial da Juventude. Até para
os não católicos foi momento de sentimentos doces, quer pelo assunto, já que o
Espírito Santo é amor, quer pelo contraste com o que vinha sendo experimentado
coletivamente.
Todo
mundo, seja alma pessoal ou alma grupal, precisa de um tempo de respiro. Se nas
vezes em que Saturno transitou sobre o Meio do Céu do Brasil, ao menos as mais
recentes, e indicou ter sido pouco antes
ativado o eixo Saturno/Marte da agressividade impositiva nacional latente, ocorreram
severas alterações no governo central, agora não deveria ser de outra forma.
Em 1954/1955,
circunstância análoga da teia do mundo redundou no suicídio de Getúlio Vargas. Em
1984/1985, na eleição e morte de Tancredo Neves. Em 2014, o que ocorreria? Este
era o meu temor, na onda de violência crescente que empolgava o Brasil inteiro,
ainda mais, como também em 1954, sob atuação pressionadora da grande imprensa,
importante formadora de opinião no público e geradora de fortes sentimentos no
seio do coletivo, como sabemos.
Imprensa
que, empenhada em opor-se à candidata do Governo, fazia por incrementar o que já
era dominante: insatisfação resmunguenta coletiva, como Saturno faz pressupor,
e em Escorpião, mostrando a face ressentida. Também
gerando condições para que a inércia dominasse, própria do que Saturno mais bem
simboliza, e travando iniciativas em geral, inclusive as necessárias na economia,
que redundariam em menos mal-estar.
Ao meio
do caminho, um novo respiro, exato quando Saturno fazia Conjunção pela segunda
vez sucessiva com o Meio do Céu brasileiro: a Copa do Mundo, em junho/julho de
2014. Aquilo
que se prenunciava como um desastre total, segundo a imagem coletiva gerada e
repercutida diuturnamente, tomou o País em clima de festa e, a despeito de
entre as linhas dos campos ter sido ruim para o Brasil, no que respeita a todo
o resto foi só alegria, orgulho e satisfação.
Nunca
mais se falou disto, pois outro assunto era dominante: as eleições presidenciais
de outubro, sempre sob os significados apontados por Saturno conjunto ao Meio do
Céu e em Quadratura com o Ascendente do Brasil, de novembro 2013 a outubro de
2014, sendo que, no intervalo de abril-outubro de 2014 o mesmo Saturno faria
Quadratura com a Vênus brasileira e, assim, adicionalmente sugeria o incremento
da perda geral de prazer e alegria na existência coletiva.
Todo
dia eu rogava que chegássemos relativamente incólumes a novembro de 2014 –
exceto Eduardo Campos, coitado, sob Saturno em conjunção exata com o Meio do Céu
em agosto. Pois viria
a ter início, então, em novembro, um benfazejo Sextil entre Saturno e Plutão,
prolongado até outubro de 2015, sendo que de dezembro 2014 a janeiro 2015
começaria um magnífico Trígono de Plutão com o Sol natal do País, ao mesmo
tempo em que um Sextil de Plutão com o Meio do Céu brasileiro, sugerindo que
até dezembro de 2017, fosse qual fosse o candidato vencedor de agora na disputa
pela Presidência, o Brasil finalizaria esta fase da teia do mundo, a do
ressurgimento das cinzas de si mesmo, com intensa e irreversível alteração de
estrutura, seja na esfera do Governo central (Meio do Céu), seja na identidade
nacional (Sol), chamado a se reinventar – e para melhor, muito melhor.
Não
poucos apontam que, passado o momento de ruptura no transcorrer da crise evolutiva,
com todos os riscos que uma etapa como esta embute, a dinâmica de crescimento
poderá ser marcante e sustentada em outras bases, indicada pelos símbolos que
expõem arquetipicamente a teia do mundo. Lenta e
segura (por Saturno, que até outubro de 2015 fará, por sua vez, Sextil com
Plutão), ao mesmo tempo em que transformadora em um nível poucas vezes
vivenciado no Brasil (por Plutão com Sol e com o Meio do Céu).
Há
detalhes e nuances, conforme cada momentum atravessado da teia do mundo? Decerto,
e sobre isso os especialistas em Astrologia Mundial saberão mais do que eu. Mas, vamos
e venhamos: até que merecemos, após tantas dores e temores grupais, não?