INSTRUMENTALIZANDO MELHOR
O PROFISSIONAL DE ASTROLOGIA
Em
inúmeros aspectos, os anos 60 foram um marco na história ocidental. Entre os
fatos importantes, o início da percepção, junto ao grande público, da íntima
associação entre Astrologia e Psicologia.
Em 1968, a
editora norte-americana Doubleday publicou “A
Astrologia da personalidade – Uma reformulação dos conceitos da Astrologia em
termos da Psicologia e da Filosofia contemporâneas”, do astrólogo
franco-americano Dane Rudhyar, livro considerado em todo o mundo como o marco
inicial da Astrologia com base psicológica.
O livro,
que fora originariamente lançado em 1936, vendeu em poucos meses mais de
100.000 exemplares.
No ano
seguinte surgiu a ISAR – International Society of Astrological Research, que
viria a se transformar em Organização Não Lucrativa em 1980 e, a partir dos
anos 90, se espalharia por outros 26 países.
No Brasil,
ela é representada por Márcia Ferreira Silva, ISAR.CAP e Diretora do CEAP –
Centro de Estudos de Astrologia Psicológica, na cidade de Campinas, no interior
paulista.
Astrologia
Arquetípica esteve com ela, para compreender melhor o papel da ISAR no mundo e
o que ela oferece a estudantes e praticantes de Astrologia.
Márcia Ferreira: O mundo todo caminha
para um mais pleno reconhecimento da
Astrologia como profissão organizada.
AA – Qual é a
razão de existência da ISAR?
Márcia Ferreira – O propósito da ISAR é promover a
Astrologia por meio de educação orientada, da pesquisa e do incentivo à prática
responsável da Astrologia como serviço a clientes, dentro de elevados níveis de
competência técnica e ética. Tendo isto em vista, a ISAR proporciona um fórum
por meio do qual astrólogos interajam uns com os outros, compartilhem novos
conceitos e intercambiem resultados de estudos e ou pesquisas, gerando melhor
formação para si próprios e estudantes de Astrologia, bem como fortalecendo
a imagem pública da Astrologia.
AA – Como isso
se dá?
Márcia Ferreira – Uma maneira é nas Conferências bienais
da ISAR, que reúnem uma constelação de palestrantes mundiais. Estas
Conferências aproximam astrólogos de vários países e servem como núcleo para
encontros e difusão de ideias e avanços no conhecimento astrológico.
Outra forma é a revista quadrimestral “The International Astrologer”, que
apresenta tanto artigos de astrólogos que vêm obtendo destaque, como os já
reconhecidos em todas as especialidades da Astrologia. E há também uma publicação
eletrônica semanal, no formato e-zine, que proporciona um fórum contínuo de
discussões para troca de ideias e informações.
AA – Como um
fórum internacional permanente sobre Astrologia?
Márcia Ferreira – Em certo sentido, sim. Por ser
uma organização internacional com associados em 27 países, a ISAR propicia
interação entre as várias culturas astrológicas. Para tanto, o site da ISAR se
propõe a unir astrólogos em um vínculo constante de cooperação, assistência
mútua e bom companheirismo. Por sua vez, os Vice-Presidentes que compõem o
Conselho Internacional da ISAR, entre os quais eu, pois os países-membros têm Vice-Presidentes
nacionais, organizam a interação entre os países.
AA – Quais
países?
Márcia Ferreira – Por enquanto, Alemanha, África do
Sul, Argentina, Austrália, Bali, Bélgica, Bósnia, Brasil, Canadá, Chile, China,
Croácia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Inglaterra,
Itália, Israel, Portugal, República Tcheca, Rússia, Sérvia, Suíça, Ucrânia e
Turquia.
AA – Já houve quem
dissesse que vivemos um momento mundial de “convergência (ou religação) de
saberes”. Qual é o papel da ISAR no sentido de propiciar que a Astrologia se
integre a esta ampla dinâmica (re)conceitual?
Márcia Ferreira – Os associados da ISAR realizam continuadamente este intercâmbio, quer em seu exercício profissional diário, quer nas
atividades da própria ISAR. Nas Conferências, fóruns discutem a imagem da
Astrologia perante a sociedade, a melhor postura frente à mídia, a educação na
Astrologia, a realização de pesquisas qualitativas e quantitativas, o cenário
mundial da Astrologia ao redor do mundo e inúmeros outros temas. É mantido um
fórum, com mediação online, para estimular o pensamento crítico e questionador. E isto, por sua vez, dá origem a grupos de pesquisa sobre temas variados, sempre
e de alguma forma associados à Astrologia.
AA – Pesquisas?
Márcia Ferreira – Sim, a ISAR oferece subsídios
para pesquisas astrológicas originais e divulga estudos abrangentes e
promissores em Astrologia. Diferenciando pesquisa científica, empírica e
qualitativa, dá orientação e apoio para cada uma das vertentes. A ISAR também
oferece bolsas a estudantes promissores, para ajudá-los a ampliar sua formação
astrológica. Tanto, que a associação à ISAR dá imediato direito de participação
em grupos de discussão de interesse específico, com possibilidade de integrar
um diretório de estudos na rede mundial de associados.
AA – Inclusive
estreitando aproximação com o mundo acadêmico?
Márcia Ferreira – Claro! Uma personalidade
frequente do cenário acadêmico norte-americano, nas Conferências da ISAR, é
Richard Tarnas, que foi Diretor de Cursos no afamado Esalem Institute, na Califórnia, e
trabalhou com pioneiros como Gregory Bateson, James Hillman, Joseph Campbell e
Stanislav Grof, além de ter integrado o Board do Instituto C. G. Jung de São
Francisco.
AA – Embora
parte importante das questões dos clientes em consultas diga respeito a
aspectos mentais, vocacionais e de comportamento, a Astrologia também oferece
respostas a questões de outra natureza, como Empresarial, Eletiva, Horária ou
Mundial. Neste sentido, o que a ISAR oferece a seus filiados?
Márcia Ferreira – Há grande convergência entre as diferentes vertentes da Astrologia. Nas Conferências da ISAR é frequente haver palestras
de modalidades pouco conhecidas, como a Astrologia Uraniana ou de Simetria, a
Heliocêntrica, a Védica e a Dracônica, além das linhas ou especialidades
mais conhecidas, como a clássica medieval. Em 2011, a ISAR realizou uma
pesquisa de âmbito mundial, da qual vários países participaram, entre eles o
Brasil: mais de 1.300 profissionais, entre os quais 300 brasileiros,
responderam sobre a profissão do astrólogo, os diferentes segmentos de atuação,
as técnicas utilizadas, a formação profissional, a imagem pública da profissão,
as organizações de Astrologia e quais vertentes têm sido mais praticadas nos
diferentes países: Empresarial, Eletiva,
Horária, Psicológica, Cármica, Tradicional, Mundial, etc.
AA – Não foi
após uma pesquisa mundial que a ISAR se decidiu pelo seu atual Programa de
Certificação?
Márcia Ferreira – Sim, foi após a pesquisa
realizada em 1994, quando ela estava iniciando sua internacionalização e a
maioria dos então associados optou por haver a Certificação.
AA – Como isso é
feito?
Márcia Ferreira – A ISAR certifica profissionais do
mundo todo, não apenas quanto às diferentes técnicas astrológicas, mas também
quanto a Técnica de Atendimento e ao Desenvolvimento de Consciência Ética. Os
profissionais que cumprem os requisitos necessários recebem a designação de
ISAR.CAP, ou “ISAR Certified Astrological Professional”, um título reconhecido
em todos os países-membros. Para isso, com o passar do tempo o Programa de
Certificação foi traduzido e incorporado por escolas de Astrologia e
organizações de inúmeros países, incluindo Argentina, Brasil, Canadá, Chile,
China, Estados Unidos, Israel, Sérvia, Rússia, Ucrânia e Turquia, além dos que
se encontram em processo de implantação.
AA – Como é o
programa de Certificação da ISAR?
Márcia Ferreira – São três etapas. A primeira
consiste em um workshop de 20 horas, no qual se desenvolvem competências para
um atendimento eficiente. A segunda se desenvolve em um seminário de duas
horas, no qual são discutidos e aprofundados os conceitos éticos fundamentais
para o exercício da profissão. Por fim, a terceira etapa é um Exame de
Competência Técnica, com seis horas de duração, no qual são abordados temas de
variadas vertentes da Astrologia, para aferição de grau de conhecimento
técnico do profissional. Este exame está sendo implantado no Brasil, assim como os cursos
preparatórios para o exame.
AA – É um
conjunto ambicioso e articulado de atividades...
Márcia Ferreira – Sim, e foi exatamente isto o que
me atraiu na ISAR quando participei pela primeira vez de uma de suas
Conferências, anos atrás. Fui depois me aprofundando nos temas propostos e
percebendo grande seriedade em relação à Astrologia, algo que eu já vinha
buscando e de certa forma encontrava no Brasil, mas na ISAR era mais focado e
mais organizado e aprofundado. Os fóruns, os constantes questionamentos e as indagações pessoais, enquanto profissionais que somos, e sobre como estamos
exercendo nossa profissão e como ela pode ser mais bem traduzida para os
leigos em Astrologia, abrindo novas perspectivas e propiciando mais maturidade como profissional,
foram fatores que me marcaram também, o que culminou com o Processo de
Certificação, que definitivamente me transformou.
AA –
Transformou-a em qual sentido?
Márcia Ferreira – Antes, por ser psicóloga e
astróloga, eu já vinha lançando pontes entre nossa atividade e a Psicologia,
tanto nos cursos do CEAP, quanto em palestras e seminários em outros locais do
Brasil e no Exterior. Pois percebo que, conforme se explica a Astrologia para
outros públicos, como o de psicólogos, a disposição para se abrir à Astrologia
muda radicalmente. Após estreitar minha proximidade com a ISAR, e
principalmente após minha Certificação e de ter assumido a Vice-presidência no Brasil,
isto passou a acontecer de forma mais consistente. Assim, venho fazendo essa ponte
no Brasil, em Conferências da ISAR como a que haverá em Phoenix, dia 25 de
setembro, ou ainda na ASPAS, a Associação Portuguesa de Astrologia, onde estive
dando um curso este ano e também participarei do Congresso Luso-Brasileiro, no
qual meu tema será a inter-relação entre Astrologia e Psicologia.
AA – O que está
sendo feito para ampliar a atuação da ISAR no Brasil?
Márcia Ferreira – Além do Programa de Certificação,
em implantação, há o programa "Escolas Filiadas ao ISAR", que é a
acreditação da ISAR quanto ao trabalho de escolas. Para receber esse
reconhecimento, é preciso apresentar o currículo completo da escola e atender a
algumas exigências, como um mínimo de horas/aula, por exemplo, na capacitação. Até o momento,
só o CEAP recebeu esse reconhecimento no Brasil, mas duas outras escolas estão no
processo de se tornarem “Escolas Filiadas ao ISAR”. Este tipo de
reconhecimento é muito valorizado ao redor do mundo e pela sociedade em geral
e, no caso do CEAP, vários alunos online indicaram ter sido este um dos fatores
de escolha do curso pela internet.
AA – Para
encerrar, o que é preciso, no Brasil, para filiar-se à ISAR?
Márcia Ferreira – Apenas inscrever-se no site do
ISAR no Brasil (http://www.isarastrology.com.br/associar.php) e pagar uma anuidade
de USD49,00, um valor extremamente reduzido frente ao volume de benefícios
oferecidos, com plena participação em uma rede mundial de profissionais e
estudiosos de Astrologia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário