Entre os conceitos desenvolvidos por Jung, a anima e o animus são bem pouco compreendidos pelo público em geral – e até
por quem é da área de Psicologia.
Não são, como muitas vezes se diz, o “lado feminino” e o
“lado masculino” de alguém, como se a anima
fosse o que sentisse ou intuísse e o animus
fosse o que pensasse ou agisse.
Em Jung, a anima
e o animus são a dinâmica arquetípica
organizadora dos mais profundos modelos inconscientes do que é “uma mulher” e
do que é “um homem”.
Então, conforme o gênero biológico da pessoa, sua herança
familiar e étnica, e as pressões culturais do meio ambiente de primeira
infância, estes dois núcleos poderosíssimos centralizam o amplo conjunto de
noções inconscientes associadas ao feminino e ao masculino na elaboração do psiquismo
integral de alguém: a anima, em um
homem, e o animus, em uma mulher.
Neste sentido, também, é que a filósofa Simone de
Beauvoir lembrou em seu livro “O segundo
sexo” que “o feminino é uma construção cultural, não é um dado posto”,
chamando atenção também para os conceitos predominantes no ambiente, que
orientam o estabelecimento do que é ser feminil.
Organizando internamente este complexo de noções (de base
genético-hereditária e também de base ambiental), a anima define o padrão geral feminino a que ele será impelido
buscar, visando realizar o encontro, “aqui fora”, com a mulher que “lá dentro”
está construída.
No caso do animus,
a dinâmica é igual, dando-se o inverso: atuando na elaboração do modelo
inconsciente masculino em uma mulher, orienta a mulher para o seu oposto
complementar externo, análogo “aqui fora” ao homem que “lá dentro” já existe.
Com os recursos simbólicos da Astrologia Arquetípica é
possível definir com grande precisão de detalhes as principais dinâmicas
anímicas (de anima e animus) que habitam a pessoa.
Para tanto, o intérprete focará sua atenção nos complexos
simbólicos associados a Lua, Vênus, Sol, Marte e Saturno da Carta natal
astrológica do consulente, assim como nas Casas X (mãe) e IV (pai).
Com isso, a pessoa passa a deter melhor informação sobre
sua anima (se homem) ou animus (se mulher), facilitando o
trabalho pessoal de integrar ao ego
os seus conteúdos (embora nunca garantindo que o trabalho será bem sucedido), o
que é fundamental para atenuar o poder de fascínio que anima e animus sempre
exercem sobre a consciência egoica.
Jung lembrava que integrar ao ego os conteúdos da sombra
é obra de mestre, mas conseguir integrar ao ego
os conteúdos da anima (ou do animus) é obra-prima!
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