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16 de nov. de 2013

Gozar, morrer e reestruturar-se inteiramente



A oitava Casa astrológica, popularmente conhecida como “Casa da morte”, é uma das menos bem compreendidas em seus múltiplos e profundos significados.



Tradicionalmente foi associada à morte em si, mas também às vivências mais intensas da sexualidade e às dinâmicas de transformação pessoal em um nível bem pouco usual, verdadeira morte para renascimento: Fênix.


Restruturação integral da personalidade, em verdade, no nível mais profundo que alguém pode conseguir, motivo pelo qual o conjunto simbólico associado à Casa VIII também costuma  ser relacionado a episódios de psicopatia, ou adoecimento psíquico ou emocional, variáveis no tempo e na intensidade segundo a estrutura psicoemocional integral da pessoa.


Para obter compreensão, aqui temos de nos socorrer em ao menos dois conjuntos de conceitos.


Um, já clássico, como Jung alerta em um de seus livros: a sexualidade não é mera instintividade; é um poder indiscutivelmente criador que é não somente a causa fundamental de nossa existência individual, mas um fator em nossa vida psíquica a ser levado [em consideração] com muita seriedade (...) Poderíamos chamar a sexualidade de porta-voz dos instintos, e é por isto que o ponto de vista espiritual vê nela a sua principal antagonista, não, certamente, porque a tolerância sexual seja em si mesma mais imoral do que o excesso no comer e no beber, do que a avareza, a tirania e o esbanjamento, mas porque o espírito pressente na sexualidade uma contraparte de igual peso e mesmo afim a ele”.


Por isso o ditado popular fala em “morrer de amor” ou, em momentos de orgasmo intenso, chegarmos a perder fugazmente a plena consciência.


Outro, o entendimento das Psicologias transpessoais, que apontam o fato de ocorrências episódicas de desequilíbrio (por vezes extremamente intensas) serem fundamentais para a reobtenção do equilíbrio em um nível mais complexo e “elevado” de integração interna, só tornado possível por meio do rearranjo compulsório de muito do que estava “organizado”, mas resistente à mudança.


Por razões assim é que, quando Saturno em trânsito passa a indicar um aumento de pressão interna dos assuntos associáveis à Casa VIII (ou por transitar por ela, ou por fazer quadratura ou oposição com planetas que nela estejam, na Carta natal astrológica pessoal), o mais recomendado é que o indivíduo se oriente para buscar alguma forma de apoio e suporte, seja de psicoterapia ou aconselhamento, à medida que bem provavelmente não conseguirá lidar sozinho, tão bem quanto o poderia, com as intensíssimas dinâmicas internas que serão obrigatoriamente vividas e seus desdobramentos externos na vida cotidiana.


Se nada for feito no sentido de buscar alargar o suporte e o entendimento, a pessoa atravessa o período com intensos abalos internos, suportados como se consegue, mas o ouro do processo, o que de mais rico poderia ser compreendido e integrado, costuma não ser apropriado pela pessoa como era possível, em sua dinâmica de desenvolvimento e crescimento interno.

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