No dia 8 de novembro Hermann Rorschach completaria 130 anos, o psiquiatra suíço
que nas primeiras décadas do Século XX desenvolveu um método psicodiagnóstico
por interpretação de manchas de tinta impressas em pranchas de
papelão.
Atualmente,
quase um século decorrido da primeira publicação oficial de suas descobertas, em
1921, com segurança é um dos mais bem desenvolvidos métodos de diagnóstico de
estrutura e dinâmica de personalidade.
Tendo
falecido no ano seguinte, aos 38 anos de idade, sua obra passou a ser aceita
internacionalmente só depois de o psicólogo norte-americano John Exner
desenvolver entre os anos 1940 e 1960 uma sistemática suficientemente segura
para garantir validade (o método mede o que deve medir), confiabilidade (o
método é exato na medição) e objetividade (diferentes examinadores chegam ao
mesmo resultado com o método).
Ele é
largamente utilizado tanto na prática clínica da Psicologia e da Psiquiatria,
quanto na avaliação de candidatos a posições
profissionais.
Sua
simplicidade é estonteante e parte do princípio de que a psique, ao defrontar
manchas irregulares sem forma definida, e ser convidada a dizer o que cada
específica mancha a faz lembrar ou imaginar, projeta seus conteúdos e dinâmicas
por meio de associações livres verbalizadas e, assim, o examinando fala de si
sem o saber.
Daí, com uma
minuciosa metodologia de registro, agrupamento e interpretação do que foi
afirmado, o examinador deduz o que dentro daquela psique vigora, seja traço de
personalidade, estado afetivo-emocional ou componente
psicopatológico.
Exatamente
como ocorre na dinâmica da idolatria, quando a pessoa projeta um traço de si
mesma sobre o ídolo e, ao “adorá-lo”, em verdade adora a si mesma, razão pela
qual, quando se dedica ao autoconhecimento, deve cada vez mais buscar vencer
toda inclinação idolátrica.
Exatamente
como se dá nos encontros interpessoais, quando a pessoa identifica
inconscientemente em outro alguém traços complementares ou contrários aos seus e
deixa que esta identificação, muitas vezes ao invés do que afirma desejar ou
intencionar, determine a dinâmica da relação.
Esta também é
a base psicodinâmica das análises de Sinastria astrológica, quando Cartas natais
são utilizadas para avaliar, descrever e até mesmo prognosticar as dinâmicas
relacionais predominantes que se estabelecerão entre duas pessoas, bastando para
isto entrarem em relação: “o que nele também está em mim e, por isso, me atrai
ou repele?”.
Com a
diferença de que, em métodos como o das manchas de Rorschach, é da análise do
que foi projetado que se infere o que na psique existe, ao passo que nas Cartas
natais astrológicas é da análise do que nelas está simbolizado que se deduz o
que vigora na psique.